RIBEIRÃO DAS NEVES (15/12/2016) - A chegada do Natal é sempre uma ótima oportunidade de vendas para artesãos espalhados por todo o Estado. De olho no mercado consumidor, eles costumam aumentar a produção neste período para atender a demanda de quem está à procura de presentes diferenciados. É o caso das artesãs do município de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde dezenas de mulheres investem no artesanato de tecido de algodão. Elas produzem mais de 100 diferentes peças como bolsas, porta-celular, necessaire, porta-moedas, panos de prato e muitas outras.
O trabalho começou há dez anos, com o projeto Costura e Arte – Solidariedade e Sustentabilidade. Coordenado pela Emater-MG, ele já beneficiou mulheres de aproximadamente 10 bairros de Ribeirão das Neves. “São donas de casa que além de cuidar dos afazeres domésticos, de cuidar dos filhos, também passaram a trabalhar com costura e artesanato”, explica a extensionista da Emater-MG, Maria de Fátima Singulano.
Ela conta que este trabalho da Emater-MG com grupos de costura não é novo. Mas que as mulheres acompanham a evolução dos tempos. “É uma costureira que sabe vender, que vende pela internet, pelas redes sociais, e que faz compras conjuntas. Então a gente resgatou este antigo trabalho da Emater e aprimorou”, afirma.
Os grupos iniciaram as atividades fazendo pequenos bordados à mão e caseados, mas gradativamente foram associadas novas técnicas de costura, como patchwork e suas variações conhecidas como patch aplique e crazy. Mais de 300 mulheres já participaram do projeto desde quando ele foi lançado. “O nosso trabalho inclui tanto a parte de produção quanto a gestão e comercialização das peças”, explica a técnica da Emater-MG.
O projeto também foi importante para a redução do lixo. “Os retalhos que eram jogados fora agora são utilizados para fazer as peças, para enchimento de pesos de porta e outras funções. É um projeto sustentável”, diz. Grande parte da matéria-prima usada pelas artesãs é doada por empresas de tecidos. Mas elas também fazem compras em conjunto e promovem troca de materiais.
Há três anos, a artesã Marileuza Beatriz dos Santos se tornou monitora de um dos grupos de mulheres de Ribeirão das Neves, após aprimorar o trabalho que desenvolvia. Ela começou fazendo panos de prato, desenvolveu novas técnicas, e hoje ensina o ofício para outras pessoas. “Eu comecei a fazer artesanato, buscando melhorar a autoestima. Sempre cuidei da casa e dos filhos. Chegou um momento que percebi que eles não dependiam mais tanto de mim. Procurei várias atividades que poderia fazer e me encontrei no artesanato”.
O trabalho também contribuiu para a qualidade de vida das artesãs. “A minha renda melhorou. Antes eu dependia do meu marido para tudo. Hoje eu posso comprar minhas coisas e fazer planos, porque tenho a minha renda”, diz Marileuza dos Santos.
O artesanato produzido pelas mulheres de Ribeirão das Neves é vendido nos bairros do município e também por encomenda. Algumas também usam as redes social para divulgar o trabalho, como a página do Facebook do grupo Borboletas Mariarte