Rede Alternativa atendendo ao clamor de integrantes do próprio grupo que pede por socorro pelos familiares atingidos na Zona da Mata, destinamos parte do estoque de donativos local, para auxilio das famílias que perderam tudo nestas ultimas chuvas, contamos com as doações para suprimento e distribuição local e em socorro aos integrantes e familiares.
Com o recuo das águas na Zona da Mata, vêm à tona os dramas, o heroísmo e a solidariedade de famílias atingidas pela catástrofe, cujos prejuízos ainda levarão tempo para ser contados
Nos da Rede Alternativa nos solidarizamos e acreditamos que com muita fé e esperança estas famílias terão dias melhores, vamos mobilizar e ajudar no que for possível, a união pode muito quando queremos.
A trégua temporária dada pela chuva especialmente em seis cidades da Zona da Mata mais duramente atingidas pelos temporais de segunda-feira permitiu a moradores, bombeiros e servidores das equipes municipais de Defesa Civil começarem a contabilizar os prejuízos. Quando a água baixou, o que a população de Urucânia, Santa Cruz do Escalvado, São Pedro dos Ferros, Rio Casca, Santo Antônio do Grama e Piedade de Ponte Nova encontrou foi muita destruição, rastros de lama em centenas de casas atingindo até dois metros de altura. Os distritos de Águas Férreas, que pertence a São Pedro dos Ferros, e Vista Alegre, território de Rio Casca, acumularam muitos destroços e moradores passaram muitos dias limpando suas casas. Quatro pessoas seguem desaparecidas, três delas em Urucânia e uma em Vespasiano, na Grande BH. O número de mortos subiu para seis no atual período chuvoso, já que o corpo de uma adolescente de 13 anos foi encontrado também em Urucânia. O irmão e a avó da menina seguem desaparecidas na cidade.Em meio aos olhares tristes e cansados de quem vê o tamanho do prejuízo, destacam-se histórias de quem ignorou o risco à própria vida para salvar as de outros. Um desses heróis é Helvécio Sebastião dos Santos, de 47, que com um bote e apoio de um amigo ajudou a retirar mais de 50 pessoas ilhadas entre Rio Casca e São Pedro dos Ferros, em um trabalho que varou a madrugada e terminou quase às duas horas da manhã.
Ontem, ao caminhar pelas ruas cheias de lama e entulho, Helvécio não demonstrava cansaço e continuava a ajudar. Enquanto ouvia expressões de reconhecimento, auxiliava na limpeza de algumas casas e carregou pertences de moradores. A todo momento era cumprimentado por aqueles que presenciaram o resgate. “É um herói. Primeiro foi Deus, depois, ele. Estava todo mundo apavorado, gritando e ele arriscou a vida para salvar o pessoal”, testemunhou Maria Margarida de Jesus Silva, de 54. “Se não fosse ele, teria muita gente morta”, acrescentou Claudione Carlos, de 29.
O esforço para limpar a sujeira e começar a reconstruir a vida se repete em várias comunidades dos municípios atingidos, onde agora faltam água potável e mantimentos. Casos de luta pela vida se multiplicam em meio aos moradores que, com ajuda de vizinhos e disposição, tentam limpar o que a água não carregou. Uma das histórias marcantes é de Gerlaine Soares Domingues, moradora de águas férreas, distrito do município de São Pedro dos Ferros.
DEPOIMENTO
"Impossível não relembrar Mariana"
“Antes de chegar a Vista Alegre e Águas Férreas, distritos de Rio Casca e São Pedro dos Ferros, fomos alertados por uma funcionária de um posto de combustíveis sobre a situação crítica que as comunidades enfrentavam depois do temporal. Mas foi quando comecei a enfrentar a lama na estrada junto com o fotógrafo Ramon Lisboa e o motorista Paulo que deu para perceber o tamanho da devastação. ‘Bento Rodrigues voltando à tona.’ Essa foi a frase que ouvi na primeira entrevista, ainda na estrada. Realmente, ao chegar às duas comunidades, foi impossível não lembrar da tragédia de Mariana. Ruas tomadas por lama, casas destruídas, plantações arrasadas, animais mortos... Triste viver isso de novo. Também ouvi histórias de pessoas que se salvaram se refugiando em telhados, outras salvas por heróis. Que a solidariedade dos moradores, que se ajudavam mesmo depois de perder tudo, sirva de inspiração aos mineiros e ao país. Eles precisam mais do que nunca de roupas, mantimentos, medicamentos e, principalmente, água potável. E ajudar nunca é demais” (João Henrique do Vale)
Lincoln R. Araujo